Nov 17, 2025

As áreas úmidas ganham destaque na COP30 com a primeira dama do Brasil recebendo carta aberta que pede sua proteção

By EJF Staff

As áreas úmidas foram o foco principal da COP30 em Belém na última quinta-feira, quando a Primeira Dama do Brasil, Janja Lula da Silva, recebeu um apelo global urgente pela proteção e restauração desses ecossistemas como pilar central da ação climática. A carta foi entregue a ela pela Environmental Justice Foundation (EJF) durante o show do aclamado Ney Matogrosso organizado pela SOS Pantanal no Theatro da Paz.

O documento, endossado por cientistas, organizações indígenas e lideranças da sociedade civil do Brasil e de diversos países, alerta que as metas do Acordo de Paris não poderão ser alcançadas sem a proteção das áreas úmidas. Esses ecossistemas vitais armazenam mais carbono por metro quadrado do que as florestas, regulam as chuvas, reduzem o risco de enchentes e secas e sustentam a biodiversidade e os meios de subsistência. No entanto, recebem apenas uma fração do financiamento climático global e permanecem ausentes da maioria dos planos climáticos nacionais.

Luciana Leite, da EJF, destacou o Pantanal como símbolo de uma riqueza natural extraordinária e, ao mesmo tempo, de grande vulnerabilidade: “É uma honra contar com o apoio da Primeira Dama na ação para proteger o Pantanal. O Pantanal protege espécies únicas, sustenta os modos de vida tradicionais e indígenas e ajuda a estabilizar o clima para todos nós. Apesar disso, está sob uma pressão insustentável. Proteger as áreas úmidas é uma vitória tripla - para o clima, as pessoas e a vida selvagem. Elas não podem mais ser ignoradas.”

As áreas úmidas estão sendo perdidas três vezes mais rápido do que as florestas. Quando são degradadas ou drenadas, liberam enormes quantidades de gases de efeito estufa. Em 2020, quase um terço do Pantanal queimou, liberando emissões equivalentes às da Bélgica durante aquele ano inteiro. Globalmente, apenas as turfeiras degradadas são responsáveis por cerca de 4% das emissões humanas anuais. O apelo entregue hoje pede que os governos revertam urgentemente essa tendência antes que seja tarde demais.

Leonardo Gomes, Diretor Executivo da SOS Pantanal, disse: "Nós sabemos o que está em jogo porque vemos tudo de perto. Cada incêndio, cada pedaço de habitat perdido, nos lembra o quão perto estamos de perder o Pantanal, mas também fortalece nossa determinação. Este ecossistema extraordinário pode voltar a florescer. Com proteção efetiva e compromisso global, o Pantanal pode continuar sendo uma fonte de vida, cultura e segurança climática para as próximas gerações. Devemos isso às pessoas e à vida selvagem que fazem do Pantanal seu lar, e a todos que habitam o nosso planeta."

Na COP30 e além, a EJF faz um chamado aos líderes mundiais para que:

  • Incluam a proteção e restauração das áreas úmidas nos planos climáticos nacionais e nas estratégias de longo prazo;

  • Aumentem o financiamento para a conservação de áreas úmidas no Sul Global, priorizando biomas de alto valor como o Pantanal;

  • Apoiem a liderança e os direitos territoriais de comunidades indígenas e locais, garantindo proteção e gestão duradouras;

  • Estabeleçam metas globais claras para a proteção das áreas úmidas, alinhadas aos objetivos do Acordo de Paris e de biodiversidade.

Steve Trent, CEO e fundador da Environmental Justice Foundation, afirmou: “Se o mundo realmente pretende manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C, as áreas úmidas precisam sair das margens e ocupar o centro da ação climática. Protegê-las é uma das soluções climáticas mais rápidas, eficazes e acessíveis que temos. A COP30 é a oportunidade de corrigir isso agora e para sempre.”

FIM

Notas para editores

Photo: EJF’s Chief Representative and Lead Advocate for Brazil, Luciana Leite; Ney Matogrosso; First Lady of Brazil Janja Lula da Silva; Leonardo Gomes, Executive Director of SOS Pantanal; Gustavo Figueroa, Director of Communications of SOS Pantanal.

Photo credit: Claudio Kbene

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