Enquanto as negociações climáticas da COP30 continuam em Belém, a Fundação pela Justiça Ambiental (EJF) faz um apelo urgente por ação global para enfrentar uma das causas e sintomas mais devastadores da emergência climática: os incêndios florestais. Um novo relatório da EJF, Where there’s smoke: six wildfire stories, revela como o agravamento da crise climática está impulsionando incêndios sem precedentes ao redor do mundo.

Entre março de 2024 e fevereiro de 2025, incêndios queimaram mais de 3,7 milhões de quilômetros quadrados globalmente, uma área maior que a Índia, e emitiram 9 % a mais de carbono do que a média dos últimos 20 anos. Incêndios em sumidouros de carbono, como florestas e áreas úmidas, estão liberando grandes quantidades de gases de efeito estufa, ameaçando a biodiversidade e os meios de vida, e agravando ainda mais o aquecimento global.

O relatório apresenta testemunhos diretos de comunidades e defensores ambientais na linha de frente. No Pantanal, brigadistas indígenas relatam o combate a incêndios com pouquíssimos recursos. Na Indonésia, ativistas alertam que o desmatamento industrial continua a desencadear incêndios em turfeiras que se espalham entre países. No Reino Unido e na Bacia do Congo, cientistas alertam que o aumento das temperaturas está transformando turfeiras, antes importantes sumidouros de carbono, em fontes de emissões. Na Grécia e na Califórnia, moradores relatam vidas abaladas por temporadas de incêndios cada vez mais severas.

«Os incêndios florestais são uma das consequências mais visíveis e destrutivas do colapso climático. O Brasil tem sido particularmente afetado nos últimos anos, especialmente pelos incêndios devastadores do Pantanal em 2020. Esta é uma crise global, e exige, portanto, a atenção de todos os países presentes aqui em Belém», afirmou Luciana Leite, representante-chefe da EJF no Brasil. «Como mostram essas seis histórias, os incêndios estão destruindo vidas, deslocando comunidades e ameaçando ecossistemas em um ritmo assustador.»

Na COP30, a EJF pede aos governos que:

• Reduzam drasticamente as emissões de gases de efeito estufa e ampliem o financiamento para adaptação climática, reconhecendo o aquecimento global como o principal fator de aumento do risco de incêndios.
  Protejam e restaurem ecossistemas ricos em carbono, como turfeiras e áreas úmidas, por meio de financiamento específico para soluções baseadas na natureza.
  Fortaleçam comunidades indígenas e locais, integrando seus conhecimentos e respeitando sua liderança na gestão de incêndios e na política climática.

Steve Trent, Diretor Executivo e Fundador da EJF, disse: «Da Amazônia ao Ártico, das turfeiras às florestas tropicais, os incêndios florestais mostram que a emergência climática é real e atual. Mas também nos lembram das soluções que temos negligenciado: proteger a natureza, apoiar quem a defende e acabar rapidamente com nossa dependência do carbono. Cada fração de grau importa; sem ação climática urgente e centrada na justiça ambiental, essa crise só se aprofundará. A COP30no Brasil deve ser um ponto de virada.»

FIM

Notas aos editores
Leia o relatório aqui.

Sobre a EJF

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